Concurso KISS
Ficha Técnica
Local: Santa Maria - Rio Grande do Sul
Área: 800 m²
Projeto: 2018
Obra: -
Autores: Arthur Oishi ; Pedro Prado; Raphael Takano; Guilherme Lauretti; Rafael Secolin
CONCURSO MEMORIAL AS VÍTIMAS DA KISS
A premissa inicial do projeto para o memorial parte da ‘’não-construção’’ de qualquer elemento acima do nível da rua, caracterizando um verdadeiro vazio em meio à cidade. O vazio em muitas formas associado como algo destituído de valor ou significado se propõe neste caso a formalizar o contrário. Preenche, toma o passado e o transforma, negando a possibilidade de apaga-lo ou substitui-lo. No projeto, o vazio representa o elemento central ressignificador do espaço, carregando em seu signo uma condição única e intrigante. Conforma espaços de encontros atemporais ao mesmo tempo em que preserva a memória latente que persiste na paisagem, possibilitando a espera e as possibilidades de futuro.
O projeto procura explorar a não construção como uma interrupção em meio a uma área consolidada, um interlúdio no cotidiano e um silêncio no ritmo das construções. Evidencia a praça como um marco na paisagem, compondo com o espelho d’água que reflete o céu e as empenas destacadas por fachos de luzes. Cada um desses fachos representa uma vítima e procura demarcar o espaço através da imaterialidade da luz. Essa composição torna o vazio o grande monumento do memorial, mais representativo do que qualquer escultura ou elemento arquitetônico, remodelando toda a paisagem do bairro através da ausência e tornando a praça um local de contemplação e silêncio.
No nível do térreo é proposta uma grande praça que abrange quase a totalidade do terreno, com acesso pela cota mais elevada da rua. A praça é conformada por um grande espelho d’ água central descolado das empenas cegas das edificações lindeiras. O vão se desenvolve como elemento integrador, trazendo iluminação e ventilação ao pavimento do memorial durante o dia e iluminação indireta para a praça durante a noite.
Uma grande escada central e um elevador pneumático para pessoas portadoras de necessidades especiais (PNE) fazem o acesso principal para o pavimento do memorial, localizado sob o espelho da água. Nesse pavimento se desenvolve a maior parte das atividades como o salão memorial, sala multiuso, salas administrativas e a área para locação. Com um acesso secundário em nível pela a cota mais baixa do terreno, o espaço do pavimento é fluido e circundado pelo vazio estruturador que traz em uma das paredes placas com os nomes das vítimas do dia 27 de janeiro de 2013. No pavimento inferior foram desenvolvidos o auditório e seus espaços de apoio com acesso por elevadores e escadas em dois núcleos de circulação vertical independentes. O Foyer integra o áuditório, a área de funcionários e os núcleos de circulação.Acreditamos em manter o respeito pelo passado negando a possibilidade de apagá-lo ou substituí-lo. Para que os acontecidos nunca sejam esquecidos e possam se tornar um ponto de partida para as próximas etapas, trazendo uma realidade melhor no futuro.